quinta-feira, março 27, 2008

Prémio Nobel

Portugal pode orgulhar-se em dizer que tem um escritor que é Prémio Nobel. Esse Prémio Nobel pode orgulhar-se em dizer que tem uma obra sua que é estudada no 12º ano. Estudo esse que é obrigatório.
Pois bem, aqui fica um excerto desse tão aclamado escritor:

"[...] se vossa majestade me perdoa o atrevimento, eu ousaria dizer que estamos pobres e sabemos, Mas, graças sejam dadas a Deus, o dinheiro não tem faltado, Pois não, e a minha experiência contabilística lembra-me todos os dias que o pior pobre é aquele a quem o dinheiro não falta, isso se passa em Portugal, que é um saco sem fundo, entra-lhe o dinheiro pela boca e sai-lhe pelo cu, com perdão de vossa majestade, Ah, ah, ah, riu o rei, essa tem muita graça, sim senhor, queres tu dizer na tua que a merda é dinheiro, Não, majestade, é o dinheiro que é merda, e eu estou em muito boa posição para o saber, de cócoras, que é como sempre deve estar quem faz as contas do dinheiro dos outros. Este diálogo é falso, apócrifo, calunioso, e também profundamente imoral, não respeita o trono nem o altar, põe um rei e um tesoureiro a falar como arrieiros em taberna, só faltava que o redoassem inflamâncias de maritornes, seria um desbocamento completo, porém, isto que se leu é somente a tradução moderna do português de sempre, posto o que disse o rei, A partir de hoje, passas a receber vencimento dobrado para que não te custe tanto fazer força, Beijo as mãos de vossa majestade, respondeu o guarda-livros.".

In, Memorial do Convento

Uau! Que lindo!
Só espero que isto saia num teste para analisar o seu significado...
Quem gostou deste excerto ficará contente por saber que o livro é todo assim ou pior (principalmente quando fala de doenças venéreas, e não são poucas as vezes).

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